domingo, 27 de abril de 2008

Viagem no Tempo.

O Amigão sugeriu, eu resolvi acatar e entrar na brincadeira de fazer uma viagem no tempo... A idéia é pegar uma foto da infância e comparar com uma atual, e descrever como a gente se sente nessa "sessão nostalgia". Eu sou nostálgica por natureza, e adoro falar sobre a minha infância, que foi tão comum e ainda assim tão rara. Por isso tenho certeza que vou gostar da experiência.

Então, aqui estão o meu antes e o meu depois, e o tempo que separa as fotos é de 16 anos:

Antes:



Depois:


Na primeira foto eu tinha 7 anos, estava na primeira série do ensino fundamental, que naquela época se chamava primeiro grau. Era boa aluna, leitora compulsiva, um tanto avoada e sonhadora...e muito curiosa.

Minha brincadeira favorita na escola era fazer castelos de areia, onde o rei e o seus súditos eram formigas daquelas pretas, grandes, que a gente encontra nos pés de árvores. Pois eu passava o recreio com um saco de salgadinho vazio nas mãos, olhando pra baixo, seguindo as bichinhas até o formigueiro e "seqüestrando" as coitadinhas para o meu castelo. Em casa eu costumava usá-las em campeonatos de natação, enchia uma poça e colocava várias formigas lá dentro, eu e minha irmã apostávamos qual iria chegar do outro lado primeiro... Claro que a maioria morria pelo caminho, e terminava o percurso boiando. E nós tínhamos certeza que elas, na verdade, estavam só descansando... Quando eu não estava no jardim brincando com as formigas ou "conversando" com lagartixas (eu adorava o fato de que qualquer pergunta elas respondiam com um "sim", acenando a cabeça), eu costumava ler os livros que nós tínhamos em casa, os meus e os dos meus pais. Os que eram meus eu lia e relia, e relia de novo, até um ponto que eu poderia contar a história de trás pra frente. Os dos meus pais eu tentava ler... Lembro só dos títulos, "Boca do Inferno" (de Ana Miranda), "A Ilha" (não lembro o autor), "Os Pensamentos de Lênin", "Filosofia Ayuvérdica", e daí por diante... Como meus pais nunca me proibiram de ler nada, eu tentava. Mas acabava voltando pros Tesouros Disney, mesmo.

Ah, mas meu mundo favorito era a rua... A nossa rua era só metade calçada, a metade em que ficava nossa casa. Da esquina da direita pra baixo não tinha calçamento, era terra batida, e era muito tranqüila, quase não passava carro. Nós, as crianças da vizinhança, aproveitávamos pra nos reunir debaixo de umas castanheiras que haviam na rua e brincar de tudo que era jogo que existe. As meninas brincavam muito de roda e de piques, os garotos jogavam futebol, andavam de rolimã, soltavam pipa... E às vezes nós inventávamos brincadeiras juntos, eles deixavam que a gente jogasse futebol e a gente permitia que eles entrassem no nosso clubinho (que era num canto entre o muro de uma casa e a parede de um bar, onde tinha um armário de madeira velho, abandonado), nós brincávamos de casinha, os meninos normalmente eram os cães-de-guarda (porque nem pensar que a gente ia deixar eles bancarem nossos maridos!), de escolinha e de missa, e fazíamos presépios de cacos de lajota. No sábado todo mundo ia pra catequese junto, na missa do domingo estávamos todos juntos de novo, e a igreja era a extensão da nossa rua... Hoje eu penso como nós éramos crianças religiosas, sempre na igreja! =P Mas gostávamos do ambiente, o padre era muito gentil com as crianças da comunidade e vivia inventando formas de ajudarmos lá, fosse lendo, fosse cantando, fosse ajudando a limpar e consertar qualquer coisa do salão paroquial...

Eu era muito feliz. Não tinha a menor vontade de crescer, como tantas crianças parecem sentir hoje em dia. Eu não; eu não via a menor graça em ser adulta. Eu queria que Papai Noel viesse pra sempre
(aos 7 anos eu ainda achava que ele existia, ou pelo menos queria que existisse) e que na Páscoa eu ganhasse ovo de chocolate a vida toda. Eu pensava no futuro como se fosse uma coisa tão longe, mas tão longe, que eu quase nem podia me ver lá. E lááá longe, naquele futuro distante, eu seria médica ou professora, ou médica de bichos. E me casaria aos quinze anos e teria uma filha e ela se chamaria Bianca. Ou Karina? Uma Biana e uma Karina. Eu me casaria mas não teria marido, não, só pra ter o filho, porque meninos... blergh! E viajaria por lugares legais que tivessem neve, porque neve deve ser igual areia, mas gelada... E lógico que sem praia, porque a água estaria congelada, né? No meu futuro eu seria feliz, porque aos 7 anos não existe tristeza longa o suficiente, nem preocupações tão sérias no mundo, e tudo é fácil e belo, inclusive o que está por vir.
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Dezesseis anos depois e eu continuo a mesma boba sonhadora. Continuo "cuidando" e conversando com os bichos, lendo com menos compulsão mas com a mesma paixão, querendo tocar a neve com a ponta da língua, me imaginando com alguém que eu ame ao meu lado e acreditando que o Papai Noel deve vir para as crianças sonhadoras de 7 anos que têm desejos secretos de nunca crescer... Porque crescer é apenas por fora. O de dentro pode ser pra sempre jovem. E vai ser, se Deus quiser.
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Repasso a sugestão do Amigão pra quem quiser se aventurar... Prometo que a viagem é linda e emocionante, e que vocês não vão se arrepender. Pra quem ainda não recebeu a proposta:
Léo
Bru
Thai
Tica
Lyra
Pri
Adriano

=)

11 comentários:

Maya disse...

MININA, MR GUDER É O BIIIIICHOOOOOOOOO!!!!!!

Maya disse...

Queeeeeerooooo!!! Uhuuuu!!!

Ei, "Pri" sou eu?

Paola Mercer disse...

OI querida obrigad apelas palavras carinhosas no meu blog, tambem sempre passo por aqui, na sua casa, dar uma olhadinha nas novidades. Essa sua viagem me fez rir de mim mesma, apesar de já crescida, casada, tenho uma lagartixa de "estimação", é que sempre que eu e o maridão estamos na sala vendo TV ela aparece atrás da estante, então falo que é nossa filha e se chama Cristina, viagem né, mas ele entrou nessa e outro dia me acordou dizendo que já´somos avós, Cristina apareceu com uma lagartixinha junto dela, meu neto Francisco. KKKKK, tenho que fugir da realidade as vezes, não ligue não , Bjocas. paola

Lyra disse...

O retorno à infância é sempre emocionante. Como é gratificante perceber que a criança que há em nós permanece intacta..sempre...

Beijinhos e até breve.

;O)

P.S. - A "Lyra" a quem passas esta sugestão sou eu? ehehehe

Anônimo disse...

Olá minha querida!

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C-ya
=*

Éverton Vidal Azevedo disse...

Lorena quase ia dizendo que vocë era quase-freak quando crian}a, mas resolvi nao dizer. Quem com 7 anos era tao comum e incomum a ponto de ler "Os Pensamentos de Lênin"?

Lorena continue sendo essa sonhadora. "Porque eu não só sou um sonhador, mas sou um sonhador exclusivamente. O hábito único de sonhar deu-me uma extraordinária nitidez de visão interior" (Bernardo-Fernando-Soares-Pessoa).

Belo texto e as fotos sao lindas.
Int{e!!!

Éverton Vidal Azevedo disse...

Hahaha
Também lembrei mais ou menos da capa desse livro, por isso comentei RS. Mas vés... nao disse que vc era Freak =P (só insinuei, tendo em vista outros textos tb rsrs).

Bj Lorena!

Maya disse...

O show é PER-FEI-TOOOO!!!! Eu não lembro a última vez que senti tanto arrepio! Brigadão, Ló! Valeu mesmo!

E se o Vidal acha que vc é quase-freak, conheci uma menina que leu Guerra e Paz na quinta série!

Thais disse...

Lóris, olha que amiga relapsa eu ando.. hahahaha
Vim aqui no blog e li tuuudo sobre sua infância, só não cheguei até o fim..
hahahahaha


:**

Adriano Caroso disse...

Muito legal Lorena. Vou aceitar o seu desafio mas só posso fazê-lo quando chegar em Salvador. Não disponho das fotos aqui!
Beijos!
P.S. É difícil dizer em que tempo você é mais bonita. Acho que pela eternidade!

Adriano Caroso disse...

Pronto amiga. Já viajei no tempo...