sábado, 10 de maio de 2008

Mãe...


Maio chegou e com ele o frio, as provas, a sensação de que o ano tá voando e o Dia das Mães, essa data que sempre me dá saudades, por não poder comemorá-la do jeito que é merecido, que é ao lado da minha. Há cinco anos já que passo esse dia longe da minha mãe. E pode bem ser um dia inventado pelo comércio, só pra ganhar mais e nos fazer perder o sábado loucos, atrás do merecido presente pra nossa quase-sempre amada progenitora, mas ainda assim é repleto de significados, pelo menos pra mim.

Todo Dia das Mães na minha casa era sinônimo de um ritual: a compra do presente, que fazia com que eu, minha irmã e papai saíssemos no sábado feito três baratas tontas, atrás do que comprar pra homenageada do dia. Além disso, o aniversário da mamãe também é agora, semana que vem, portanto um presente só, uma singela homenagem, nunca nos satisfez (presentes são símbolos muito importantes na minha família). Pois bem, íamos os três escondidos dela pro Centro da cidade, e dá-lhe olhar em todas as lojas possíveis e imagináveis, até cansarmos e caírmos no de sempre: sandália, perfume, bolsa e jóia. Sorte nossa que é tudo que ela mais gosta de ganhar, mamãe deve ter uns 20 sapatos recebidos todos no Dia das Mães e no seu aniversário! Chegávamos em casa da compra, escondendo o presente pra que ela não visse, enfiando sacolas e embrulhos no nosso guarda-roupa, embaixo das camas, pra que ela não desconfiasse... Ela finge bem, minha mãe, mas eu simplesmente sei que ela SEMPRE soube de todo nosso ritual, sempre lia nos nossos olhos cansados e cabelos desgrenhados, rostos marcados de suor e poeira, o que fazíamos durante toda a manhã do sábado. E ainda assim nos olhava impassível, inocente de tudo, como se não esperasse nada aquele ano, como se não soubesse que haveria presentes... Como se ela não gostasse de presentes, sendo que todos nós sabemos que ela adora. Ainda hoje eu e minha irmã mandamos nossos presentes, hoje compramos pela internet e mandamos, mas o ritual "quase-sagrado" da procura continua, papai liga de lá louco querendo saber o que comprar, e nós daqui também indecisas, até que chegamos num consenso e cada um compra o seu. E ela recebe todos com a mesma "surpresa inocente" de todos os anos...

Mamãe é um ser único nessa vida. Eu e ela temos uma relação perfeita, a meu ver: somos mãe-e-filha, e simplesmente isso, com tudo que essa relação nos proporciona. Ela não é minha melhor amiga, não somos confidentes, a verdade é que eu conto muito pouco do que me vai por dentro à ela, e ela também age da mesma forma comigo (puxei dela minha introspecção). Ainda assim, mamãe me conhece como a palma de sua mão. Pelo tom da minha voz, pelo jeito que me expresso, pelo meu olhar (quando estamos próximas), por minhas palavras, ela sabe tudo, simplesmente tudo. Por mais que eu tente esconder, a danada descobre o que quer descobrir sobre mim. Não é sexto sentido, nem intuição feminina (apesar das duas coisas serem fortíssimas nela, outros atributos que herdei), é apenas conhecimento daquilo que ela gerou e cuidou a vida toda com zelo e atenção, amor e carinho, bondade e respeito. Nossa relação é tão baseada em respeito quanto uma relação entre duas pessoas pode ser. Não me lembro de jamais ter faltado com o respeito à ela, assim como mamãe jamais me desrespeitou, nem minhas vontades infantis, nem meus direitos de criança, adolescente, filha, mulher, ser humano... Nunca me proibiu de fazer nada que fosse possível e sempre me mostrou o certo e o errado, para que eu pudesse escolher por mim mesma como agir. Graças a mamãe que hoje sou o que sou, literalmente é graças a ela, que fez minha matrícula no vestibular daqui, escolheu o curso por si só (não era nem de longe minha primeira opção), por achar que "sempre tive o dom". E mais uma vez ela estava certa, prova de que me conhece melhor do que eu mesma me conheço.

Mamãe nunca chora quando eu ligo pra casa reclamando de saudades, nunca chorou ao me colocar no ônibus de volta nas férias, nunca ligou pra reclamar de solidão (mesmo eu sabendo o quanto ela se sente sozinha, às vezes), faz de tudo pra que eu não sofra pela distância e ausência, e eu faço o mesmo por ela, é nosso pacto mudo. Sempre apoiou toda e qualquer decisão minha, me dando sempre força e palavras de apoio e de consolo, quando algo não dá certo ou não vai como o esperado. Na minha família acontece o inverso de muitas, mamãe é o sustentáculo, ela é o cérebro, enquanto meu pai é o coração, puro coração. Ela é meu grande exemplo de força feminina. E foi assim que ela me ensinou a ser, e eu pretendo e me esforço para nunca decepcioná-la. Porque eu sei que não há presente mais valioso para ela do que a nossa felicidade, amor e devoção. E para mim não há mulher nesse mundo mais importante do que a minha MÃE.


13 comentários:

Éverton Vidal Azevedo disse...

Lindo Lorena... Admiro sua relaçao com a sua mae, que lindo que bom. Amo minha mae também, tenho nela ma heroína, o maior exemplo de vida. Seu texto me fez lembrar de algum tempo atrás em Manaus, eu nao sabia o que dizer, e agora longe... tanta coisa pra dizer...

Germano Viana Xavier disse...

Olá, querida Lorena!

Passei por aqui e gostei do teu espaço.

Deixo abraços pernambucanbaianos...

Germano
www.clubedecarteado.blogspot.com

Anitha disse...

Relação linda! Eu e minha mãe somos um pouco parecidas. Não somos confidentes também. Mas as vezes, quando vamos ao mercadinho, na padaria, lugares assim, é como se aproveitássemos que ninguém nos vê, e trocamos pequenos segredinhos... rss

Feliz dia das mães pra elas! o/

Lyra disse...

Linda essa... forma de ser mãe, essa forma de ser filha e essa relação formada.

Eu amo a minha mãe mas a relação é bem diferente....enfim prefiro concentrar-me em ser uma boa mãe para o meu rebento.

Beijinhos e até breve.

;O)

Leandro Neres disse...

Fiquei feliz em saber de como se relaciona com sua mãe. Fiquei impressionado com a força dela e seu compromisso também... Sinal de que possuem uma estruta familiar belíssima, admiravel mesmo...
Eu também morei longe de casa por quase dez anos, sentia coisas parecidas com relação a distância, e quando eu chorei ao telefone ela foi forte, também me deu segurança. Agora que estou em casa, lembro de tantas coisas... Teu texto também me fez olhar para como eu me relacionava com minha mãe... Engraçado, meu pai também é muito mais coração do que minha mãe, e ela diz que eu sou cópia do meu pai, rsrs...
A sensação de estar com ela no dia das mães é algo que já estava me esquecendo... Aproveitei para curti-la ao máximo...
Até vou a missa com minha mãe e meu pai...
Bjs
LEandro

Marilza disse...

Filha te amo!!!

Amigao disse...

Mando um beijão pra ela.E tenho certeza que ela tem o mesmo orgulho de vc.

beijão do amigao

Lorena disse...

Olha aí ela comentando por aqui! hahahaha! Uma coisa que eu esqueci de falar é que minha mãe é moderna, versada nas ciências tecnológicas, com orkut, msn, e tudo que tem direito. =P

tiago.augusto disse...

hahahaha
olha a Dona Marilza aí! oi Dona Marilza! o/

adorei o texto Lora! aliás, sempre adoro ver vc falando da sua família! =P
e eu quero a minha mãe! =(
(coitada, se ela tivesse vindo ia tá penando com esse frio...)

Thais disse...

AAAAAAAh que lindo, Lóris!!! =D

adorei o texto! linda sua relação com sua mãe!

você realmente, definitivamente me emociona, flor! =D

Éverton Vidal Azevedo disse...

Uia! Viva ao comentário da mamae!
o/

Adriano Caroso disse...

Nossa Lorena! Seu texto me fez chorar. Desculpe, mas me emocionei bastante. LINDO!

Adriano Caroso disse...

Lorena,

Não sei o que as pessoas acham, mas eu costumo me expor demais no blog, já reparou isto! Seu texto é lindo e merece ser dividido com o mundo tanto amor e tanta beleza!
Beijos no coração!