quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Conotivismo onírico

"How did it go so fast?"
You'll say as we are looking back
And then we'll understand
We held gold dust in our hands
(Tori Amos - Gold Dust)



Era mesmo um sonho o que aconteceu, o surrealismo daquela situação. E ainda assim, eu não queria acordar nunca mais.

E de repente eu estava com você, era uma manhã qualquer depois de uma noite que me fazia sentir como uma borboleta saída do casulo. E você estava lá e não estava, era tudo extremamente diáfano. E como havia sol e raios por todo canto, uma porta escancarada para uma verdidão e a luz do sol entrando por ela e atingindo os seus cabelos que ondulavam com o vento. E eu não conseguia ver o seu rosto que se voltava para o infinito... Sabia que não me olhava diretamente porque algo havia se partido no nosso momento e nessas horas permanece a mágoa muda em todos os cantos. Eu sabia disso e então me tornei o que nunca fui, me tornei o senhor da situação, a dona da coragem das amazonas e a ternura de um beijo num sábado de manhã. E com o beijo do sábado nos lábios me aproximei dos seus cabelos de sol e perfume de jasmin e disse num sussuro de vento farfalhando:

- A nada culpo, por Paris nunca ter existido.

Sem se voltar e com as lágrimas presas em algum lugar do peito:

- E se existisse?

A ternura é a grande arma que eu sempre guardei para os momentos assim, é dela que tiro a força que me faz tomar as atitudes que você sempre admirou. A ternura acendeu a vontade do abraço que se fez e do beijo na volta do pescoço, era ternura revestida em gestos de amor.

- Se existisse... Eu nunca te deixaria partir.

E algo se desprendeu do seu peito nesse momento, e a certeza da certeza e o alívio... E as mãos se encontraram, seus dedos entre os meus dedos, as palmas justapostas como a oração do Eterno. E a promessa de que haveria um para sempre.

Então, eu acordei.
















Imagem: deviantArt.


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PS: e eu falei que voltaria com posts menos introspectivos, mas sonhos são sempre assim.

8 comentários:

Jaqueline Lima disse...

te digo que sonhar é o que mais nos aproximas. das beldades do exagero e infinito. o amor conta como presença suscinta. e o seu sonho transformou uma história. em desejo. de quero mais. que se torne real.

Beijos, prazer estar aqui!

Anônimo disse...

Sonhos...

Tenho sonhos inefáveis...entendo como são.
Sempre fico distante ao amanhecer tentando recuperar o que se passou durante a noite nos sonhos...E sabe? Consigo muita coisa...a esperança se renova.

Lindo texto!

Beijos!

Anônimo disse...

Sonhos...

sonhos com gotas de realidade que dormem e acordam cheios de esperança!!!!

Beijão, Lollô!!

Amigao disse...

bom dia,
Um sonho lindo , conotivista e todo cheio de ternura.
Beijão pra você querida.

Letícia disse...

Introspectivo? Não vejo como se desligar disso quando se escreve. A gente olha pra dentro e vê o mundo que adquirimos através de nossas leituras. E você cria um texto sobre algo que existe e não existe. Se existisse Paris é como a sensação de ter lido um livro pela metade. Você tem talento, Lori.

E legal o que falou sobre blogs e comentários. Tb acho que ler opiniões nos ajuda. Mas nada como um livro e aí, o mundo é nosso.

Bjs.

Lorena disse...

Se eu disser que isso foi um sonho (quase isso) realmente... e que essa frase sobre Paris era exatamente assim, e que até agora me surpreendo com ela... Sei de onde ela veio, mas me surpreendi com ela no meio do sonho, exatamente desse jeito que transcrevi, só que em inglês... (eu sonho em outras línguas).

Esse mundo de sonhos é algo que me fascina demais!

Éverton Vidal Azevedo disse...

Só hoje li.
Em poucas palavras... de um sonho assim quem quer acordar?

Natália disse...

Li com todo esse atraso, mas mesmo assim me tocam as suas palavras.
Tão poético esse sonho.
Eu gosto de sonhos, tanto que mesmo acordada eu sonho.