Quem não entendeu nada do vídeo pode ser porque nunca assistiu Cidade dos Sonhos, ou mesmo não entendeu o filme... Mas, enfim, o post hoje não é sobre o filme, em si. É só que essa música me fez pensar no que escrever.
Acontecem coisas, sempre, mas hoje em especial, que me fazem pensar no pranto...
Eu penso que chorar é a forma mais honesta e nua de extravasar um sentimento. O choro pode ser algo controlável, mas tudo depende da intensidade do que o provocou. Eu mesma não sou de chorar em público, mesmo que seja público de um só. Mas isso porque sou dessas que usam máscara de fortaleza, não porque sou forte. Ou ainda, não porque sou frágil a ponto de não expor minhas lágrimas por medo, pudor, insegurança (apesar de ser, sim, insegura). Ou tudo isso é a mesma coisa e não seja questão de ser fraca ou forte. Enfim, não choro em público na maioria das vezes (claro que há exceções), mas choro para mim mesma, sempre que necessário. Porque chorar é preciso, sim.
Chorar de alegria eu já chorei, talvez menos do que eu gostaria. Mas já me dei o luxo de ser tão feliz assim. É uma coisa incrível... Antes de acontecer a primeira vez eu achava estranho, não imaginava ser possível exprimir alegria através das lágrimas. Até que aconteceu comigo e percebi que lágrimas talvez sejam a única forma de extravasar a alegria daquelas enormes! Sorrisos? Não são suficientes, não há boca larga o suficiente! Já lágrimas não têm limites... Então quando a felicidade é sem limites só mesmo o pranto para expressar essa grandiosidade.
Chorar de tristeza já chorei também, mais do que eu gostaria. Chorar a perda é algo realmente triste, não só a perda que vem com a morte. Morrer é uma das formas mais justas de se perder alguém. Quando se perde para a morte o que se perde é apenas o ser físico, o material. O sentimento é imortal e fica. Triste, triste mesmo, é quando se perde para a vida... Como explicar então aos sentimentos que aquele alguém não vai voltar, mesmo que a vida não seja impedimento? Como entender a perda sem sentido do abandono? Parece uma queda sem fim num poço muito fundo, uma queda de cabeça... Só quem já perdeu alguém para a vida, ou foi abandonado de mesma sorte, é que sabe o sentimento do vazio brusco. E que fique claro que eu não falo apenas de amor... eu falo da perda do alguém especial, seja ele quem for. Perder para a morte é triste, dilacerante, mas é justo, porque é certo que vamos nos perder assim. Perder para a vida é dolorido, angustiante e injustamente inesperado. Por isso que, ao chorar essas perdas, o sofrimento é tão maior.
Chorar de medo chorei pouco. Não tenho muitos medos nessa vida, e os que eu tenho eu considero tão bobos que pouco me importo para chorar por eles. Só quando me pegam de surpresa... Mas aí talvez seja chorar de susto, não sei...
Há o chorar de alívio, do qual experimentei pouco, ainda bem. O choro de emoção, acho que esse é o que se faz presente mais freqüentemente na minha vida. Eu me emociono fácil. Coisas que considero bonitas são o suficiente para me comover. Músicas, filmes, livros, são os veículos comuns dessa beleza, mas não são os únicos. Uma letra de música ou poema que me fale de alguma forma, uma interpretação mais intensa, um diálogo e sua proximidade com a vida ou o que eu gostaria que ela fosse, ou ainda, o que ela não fosse... E sobre os outros veículos, crianças são o principal deles. Elas me emocionam. A vida e a natureza, de um modo geral, também. Eu sou dessas que, involuntariamente, consideram a vida uma beleza. Não o dia-a-dia, principalmente do homem (esse é de uma feiúra às vezes indecente), mas a vida expressa no natural, no inocente, no puro, é coisa linda e me emociona. Bondade também me emociona, e fé também. Deus me desperta essa emoção que vem da beleza porque Deus é belo. E as lágrimas que vêm com a beleza são frutos do amor, que vem de Deus.
Pranto de amor eu também já chorei, não pranto triste, nem de felicidade pura... Mas chorar pelo desafio diário que é amar e ser, de alguma forma, amada.
"Ele disse: não chore que chorar enfraquece.
Eu disse: mas às vezes é como a chuva que se precisa quando tem estiagem demais e tudo fica muito seco."
Clarice Lispector
Eu disse: mas às vezes é como a chuva que se precisa quando tem estiagem demais e tudo fica muito seco."
Clarice Lispector
4 comentários:
Que beleza de texto. Me fez chorar de emoção!
Adorei Lorena! Só nao pude ver o vídeo, é uma das desvantagens (e existe vantagem?) de usar lan house...
Concordo, concordo concordo e... hummm... ah! Concordo!
Nossa Loli, adoro tudo o que vc escreve... Sem palavras para este post...
Bjos
Leandro
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