Reestréia

Eu adoro mudanças de visual. Prova cabal são meus frequentes *entrando o ano sem trema* cortes de cabelo, que eu não consigo ficar com a mesma cara por muito tempo. Vira e mexe passo a tesoura e mudo, sem medo de não gostar (porque cabelo cresce, minha gente), sem dó nem piedade e sempre animada com a reviravolta. Também adoro mudar o guarda-roupa, gosto de coisas diferentes, de inovar (sem modismos) as roupas e (poucos) acessórios que eu uso. Gosto de inovar no quarto, de mudar coisas de lugar e sempre gostei de reformar as coisas.

Então, nada melhor do que começar o ano com uma boa mudança de visual. Em mim ainda não posso mudar nada, por causa da formatura que se aproxima e prometi que formaria de cabelo comprido, mas porque não no blog, né? Dia desses o Vidal reclamou que não conseguia acessar os comentários e outras pessoas vieram me dizer que estava muito pesado, então já planejava fazer umas mudanças, tirar algumas coisas pra deixar mais leve. Aí o bichinho da inquietação me picou e eu resolvi logo mudar a cara toda! Sem Amélie no header, mas continuo a mesma garotinha estranha de sempre... =)

E pra começo de conversa em 2009 decidi postar um poema de Drummond que sempre gostei muito. Que seja a nossa própria receita de ano novo. E que seja feliz pra todo mundo!

Imagem: deviantart

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)

PS: Obrigada Let, pela ajuda na hora da mudança. =)