sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sobre o mar

Semana passada eu estive no mar. Adoro o oceano, porque ele me faz sentir viva, o cheiro do mar é revigorante e me dá energia. Gosto de caminhar pela areia branquinha em direção à água, bem suavemente, devagar, com calma. Não adianta muito ter pressa, porque correndo a gente não sente realmente. E eu gosto de sentir os grãos de areia massageando cada ponto sensível dos meus pés; gosto sentir o calor que vem do chão e o susto que meus pés levam quando a primeira onda gelada quebra bem em cima deles, bem em cima da areia que estava quente. É um sentimento de felicidade, essa surpresa.

Pois eu estive no mar e o dia estava tão ensolarado e quente, que a luz do sol refletida na areia me deixava meio tonta. Fui andando em direção à água atraída pelo aroma e cega pela luz, sem ver muito bem por onde andava, só sentindo aquele desprendimento de corpo que a gente sente, especialmente, perto do mar. E foi aí que por falta de enxergar o chão pisei em algo pontiagudo que entrou na sola do meu pé. Que dor! Assim, bem de repente, num instante eu desfrutava da delícia do momento e no seguinte só conseguia me concentrar na dor. Eu não vi o que me machucou. Procurei na areia branquinha por algo diferente, algo que não fosse um grão de sílica e que pudesse ter magoado minha pele. E não vi nada. Nada diferente que pudesse ter me machucado. A areia continuava branca, a sola do meu pé também, porque nem marca ficou. Tudo igual. Em volta, as pessoas continuavam se dirigindo ao mar ou voltando dele, conversavam, sorriam, encaravam o sol e seguiam andando. O mundo continuava o mesmo, a não ser pela dor aguda bem no meio do meu pé e aquele sentimento de quem foi traída no momento de maior desprendimento: quando o amor era puramente gratuito.



Imagem: deviantArt

8 comentários:

Kenia Santos disse...

Valeu a pena ter ficado até mais tarde, hein moça?! Belo e totalmente verdadeiro. Quando acontece tamanha traição paramos de enxergar a beleza do universo, bobos que somos porque a beleza não cessa, mas os nossos olhos, já não veem mais. Tanta angústia e sofrimento nos permitimos quando há dores tão maiores no mundo e ele continua girando.

Sempre lindo ver você escrevendo. Muito bom ler mais esse post bem pensado e bem construído.

Beijo grande e doce.

Leandro Noronha da Fonseca disse...

Este seu blogue é tão lindo! Até botei nos meus prediletos! Voltarei sempre aqui!
beijoooos.

Luana! disse...

Aiinn
Amo o mar! Assim, muito! É enigmático, é desafiante e, porque não, engrandecedor.
Nos momentos mais impróprios de mim mesma, a necessidade maior é de contemplá-lo, de senti-lo e de venerá-lo.
É uma sintonia entre o extase, a necessidade e a fé. Sim, o mar, para mim, é a certeza q Deus existe.

thais m. disse...

Ei moça , quanto ao mar .. semana passada tb estive na praia . O sol não estava num bom dia , e não quis aparecer , mas curiosamente a areia e o mar cumpriram seus papeis brilhantemente . Tudo aquilo ali me trazia uma paz . Exatamente como você escreveu .

~
E quanto as traições essas sempre doem, e parece que elas gostam de aparecer extamente quando a gente tá no máximo . Quando o amor é puramente gratuito . Nessas horas a gente sente aquela ' espetada ' . Aquela dor que não dói , mas entristece . E que no final, só deixa marcas ..
Enquanto isso , o mundo lá fora continua girando .

Excelente post , adooorei !

Um beijo !

Éverton Vidal Azevedo disse...

Eu vi o mar poucas vezes. Uma vez em Santos-Sao Vincente e outra em Joao Pessoa, eu acho que escreveria um livro na frente do mar, ele estranha e entranha, na frente dele é impossível nao pensar que tudo-toda-tudo veio de um lugar comum. Deus?

Belo texto, pra variar, um fnal interessante. Lembrei do Pequeno príncipe, você é responsável por aquilo que cativa. Ser traído no momento de amor gratuito é tao ruim quanto trair o amor gratuito, mas é coisa que acontece equanto caminhamos nas areias das praias da vida né?

Bj amiga.
Inté!

Dulce Miller disse...

Lore, eu sei bem o que você sente em relação ao mar, minha paixão que era indescritível, você conseguiu descrever como ninguém!

Já aconteceu comigo de ser espetada desta forma inexplicável por algo que dispersa o pensamento do que amamos, tanto na a areia do mar, quanto na vida...

Líviarbítrio. disse...

Adoro o mar, se eu pudesse sentava à beira mar todos os dias, mas nesta época o frio do Sul não permite.

Cabem várias analogias neste seu texto. Amor, vida, trabalho, amizade. Temos às virtudes como ao mar - imenso e embriagador. Ficamos cegos e na primeira decepção, apenas nós sentimos a dor.

Passeamos com você nesta descrição e tentamos imaginar/sentir sua dor. Lindo demais, como sempre. ;)

Anônimo disse...

Que texto lindo... essa história de machucar o pé na praia quando estamos desfrutando de um momento maravilhoso cabe a tanta coisa nessa vida, né?

Eu amo o mar... só acho uma pena não poder desfrutar de todas as praias lindas do ceará. Não conheço quase nenhuma, mas um dia, irei conhecê-las.

bjoooo